Desde o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, o tema passou a dominar os debates nas redes sociais, impulsionando uma batalha de narrativas entre aliados e opositores ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A medida norte-americana, que entra em vigor em 1º de agosto, foi formalizada por Trump em carta enviada a Lula, na qual também critica o julgamento de Bolsonaro e classifica o processo como uma “vergonha internacional”.

Aliados de Bolsonaro argumentam que as constantes críticas de Lula ao presidente americano, somadas ao julgamento de Bolsonaro pelo STF (Supremo Tribunal Federal), teriam motivado a reação de Trump. Nas redes sociais, parlamentares de direita têm usado a expressão “a culpa é do Lula” em publicações sobre o assunto.

Já os apoiadores do governo dizem que o ex-presidente e seus aliados sabotam as relações diplomáticas brasileiras e responsabilizam a oposição ao governo pela medida. Eles também argumentam que o Brasil tem que defender sua soberania nacional e não deve se render aos pedidos feitos por Trump.

Além disso, o Partido dos Trabalhadores vai intensificar as postagens sobre o assunto nas redes sociais. Nesta sexta-feira (11), a sigla lança uma campanha com o mote “Defenda o Brasil” em resposta ao anúncio do governo dos EUA.

Postagem aumentaram

Dados da empresa de monitoramento Nexus mostram que o episódio acumulou mais de 240 milhões de impressões e 9,1 milhões de curtidas na rede X (antigo Twitter). As postagens em defesa da soberania nacional superaram as críticas a Lula, segundo o levantamento.

Na quinta-feira (10), “Donald Trump” liderou os Trending Topics no Brasil, com 36,5 milhões de menções. A expressão “Respeita o Brasil” ocupou a segunda posição, com cerca de 2 milhões de citações, enquanto “Chega de Ditadura” apareceu em quarto, com 973 mil menções.

A análise de 1,5 milhão de publicações em português também apontou que o pico das discussões ocorreu por volta das 20h da quarta-feira (10). Segundo a Nexus, o governo Lula tem se saído melhor nesse embate virtual, com as postagens mobilizando mais apoio nacionalista do que críticas diretas à gestão.

Autoridades entram na disputa

A polêmica também levou autoridades a se posicionarem nas redes. Governadores aliados de Bolsonaro, como Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Romeu Zema (Novo-MG) e Ronaldo Caiado (União-GO), responsabilizaram o governo federal pelo “tarifaço” e criticaram a política externa do presidente.

Tarcísio afirmou que Lula “colocou a ideologia acima da economia” e que “narrativas não resolvem problemas”. Caiado comparou a gestão petista ao governo de Hugo Chávez, na Venezuela, e Zema disse que a medida “vai custar caro para o Brasil”.

Em contraponto, ministros do governo saíram em defesa de Lula. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, criticou Trump, dizendo que ele deveria “cuidar dos seus próprios problemas” e respeitar “a soberania do Brasil e do Judiciário”.

O advogado-geral da União, Jorge Messias, também repudiou a fala de Trump. “O Brasil é uma nação livre, soberana e democrática. Qualquer tentativa de interferência em nossos assuntos internos — venha de onde vier — será firmemente rechaçada, especialmente no que diz respeito à independência do Judiciário.”

CNN Brasil